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Dengue: Américas podem registrar pior surto da história, alerta Opas.

Acumulado de casos chega a ser três vezes maior que do ano passado

Por Felipe Martins em 29/03/2024 às 11:25:15

Com mais de 3,5 milhões de casos de dengue contabilizados nos trĂȘs primeiros meses do ano, o continente americano pode registrar, em 2024, o pior surto da doença em toda a história. O acumulado chega a ser trĂȘs vezes maior que o total de casos registrados no mesmo período do ano passado. O alerta foi feito nesta quinta-feira (28) pela Organização Pan-americana da Saúde (Opas).Dengue: Américas podem registrar pior surto da história, alerta Opas - News RondôniaDengue: Américas podem registrar pior surto da história, alerta Opas - News Rondônia

Brasil, Argentina e Paraguai, segundo a entidade, respondem por mais de 90% dos casos e por mais de 80% das mortes por dengue nas Américas. Dados da Opas mostram que o Brasil aparece em primeiro lugar no ranking, com 2.966.339 casos e 758 mortes, seguido pelo Paraguai, com 191.923 casos e 50 mortes, e pela Argentina, com 134.202 casos e 96 mortes.

Em coletiva de imprensa, o diretor-geral da Opas, Jarbas Barbosa, classificou a situação no continente como preocupante. Ele lembrou que mesmo países como Barbados, Costa Rica e Guatemala, onde os surtos de dengue geralmente acontecem no segundo semestre, jĂĄ relatam aumento de casos da doença. Porto Rico, por exemplo, decretou situação de emergĂȘncia por dengue no início da semana.

Jarbas destacou que, em 2024, os quatro sorotipos da dengue circulam pelas Américas e que, quando hĂĄ circulação de dois ou mais sorotipos, o risco de casos graves aumenta consideravelmente. Até o momento, dados da Opas indicam que pelo menos 21 países do continente jĂĄ reportaram circulação de mais de um sorotipo, incluindo o Brasil.

Para o diretor-geral da Opas, as causas ambientais desempenham "papel fundamental" no cenĂĄrio epidemiológico identificado nas Américas. Jarbas citou, como exemplo, as altas temperaturas, as ondas de calor e as secas intensas que levam a população a armazenar ĂĄgua de forma inadequada, além de inundações que contribuem para o aumento da circulação do mosquito vetor.

Questionado se não seria o caso de declarar emergĂȘncia em saúde pública de interesse internacional, como aconteceu com o vírus Zika em 2016, Jarbas explicou que se tratam de cenĂĄrios bastante distintos. Em 2016, segundo ele, a emergĂȘncia foi decretada em razão de uma forte relação entre o vírus Zika e casos de microcefalia em bebĂȘs cujas mães foram infectadas.

"A OMS [Organização Mundial da Saúde], de forma acertada, declarou a emergĂȘncia até que pudéssemos ter uma avaliação do que estava acontecendo", disse. "Na dengue, a única novidade é o aumento na transmissão, mas não hĂĄ mudança na expressão clínica da doença ou nos sintomas", completou.

"A dengue é um desafio importante. Quando temos uma epidemia, a circulação é tão forte que quase todas as pessoas tĂȘm contato com aquele sorotipo. Depois, passamos um período de trĂȘs ou quatro anos até que tenhamos outro surto. Parece que a doença desapareceu, foi embora", concluiu Jarbas, ao destacar a necessidade de programas permanentes nas Américas para identificar precocemente novos surtos.

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